quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Para sempre

Por que Deus permite
Que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite
É tempo sem hora,
Luz que não apaga
Quando sopra o vento
E chuva desaba,
Veludo escondido
Na pele enrugada,
Água pura, ar puro,
Puro pensamento.
Morrer acontece
Com o que é breve e passa
Sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
É eternidade.
Por que Deus se lembra
- Mistério profundo –
De tirá-la um dia?
Fosse eu rei do mundo,
Baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
Mãe ficará sempre
Junto do seu filho
E ele, velho embora,
Será pequenino
Feito grão de milho.”

Carlos Drummond de Andrade

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário